Gosto de ler mulheres, minha autora preferida é uma mulher. Isso não significa que boicoto ler homens para ler somente mulheres. O que você acha sobre isso não sei, eu
Dostoievski é um dos meus autores favoritos, ponto.
Mas vamos falar das mulheres. Não sou muito atenta com listas de leituras e tal, como já falei em várias ocasiões. "Programar" colocar mais mulheres na minha TBR não é o foco, mas não é que minhas últimas leituras não planejadas foram mulheres? Sim, comecei com o lançamento da Carambaia (li no ebook, mas imagino que o livro seja lindo), Esquizofrenias reunidas: Ensaios da Esmé Weijun Wang. Deste fui para O perigo de estar lúcida da Rosa Montero (que acrescentou milhares de livros a minha wishlist) e por fim, li pela primeira vez algo de Doris Lessing, As avós.
Pausa para finalizar as leituras do canal das Primas para este semestre, Ulysses de James Joyce e As you like it, do Shakespeare, ambos homens, mas que de certa forma romperam com o "universo" masculino. Shakespeare, como a gente sempre comenta, que genialmente em suas peças lidou com vozes masculinas e femininas em grande estilo, que reverberam até hoje, e são acima de tudo atualíssimas (Não é à toa que tem um livro que se chama: Shakespeare was a woman and other Heresies,de Elizabeth Winkler - já na wishlist).
E Joyce, que escreveu um fluxo de consciência feminino em seu livro, e pode-se dizer que o estranhamento em Ulysses não vem (só) daí. No próximo vídeo das primas sobre Ulysses vamos comentar este episódio final e lá falaremos mais sobre.
Mas voltando a falar de mulheres, tem outras mulheres que estou lendo, Sinéad Gleeson, Constelações - ensaios do corpo (livro lindo), Cecília Meireles sigo com a Antologia poética e estão no aguardo Susan Sontag, Sobre mulheres, Katherine Mansfield com Êxtase e outros contos (tradução da Nara Vidal), esta que também será lida após As Shakesperianas e Eva, em Puro - lançamento.
E por que falar hoje sobre mulheres? E por que não.
Eu venho me empenhando num processo de escrita e para mim a criação de um personagem sempre foi algo que cresce com a convivência. É como se eu tivesse de conviver com essa "pessoa" ao meu lado, pensando o que ela faria, como falaria, e é mais ou menos isso que eu faço, na minha cabeça – ainda não cheguei a ver quem não existe. Pode até parecer loucura, mas parece que uma parte de mim vai se tornando outra. O que isso tem a ver com mulheres? Porque fico pensando sobre a escrita, os universos femininos e masculinos, e como o "humano" em Shakespeare nos mostra que talvez todas as especulações sobre ele, sua esposa e família criam um imaginário, uma narrativa onde ele pode até ser pensando como mulher, ou nem ser pensado, at all, como existem teses de que ele nunca existiu.
E minha pergunta é, seria Shakespeare, Shakespeare como o “concebemos” hoje se tivéssemos uma Biografia supercompleta, com diários e tudo? O valor de suas obras seria diferente? Saber muito sobre o autor modifica sua obra, ou melhor, o julgamento que fazemos dela?
Somos leitores ou bisbilhoteiros da vida alheia? Com certeza, todo leitor é um bisbilhoteiro, mas infelizmente nem todo bisbilhoteiro é um leitor.
eu acho que a gente gosta mt de bisbilhotar a vida dos autores. mas, a verdade eh que o mistério eh mais legal. nao saber nada e apenas se deixar pelo fluxo criativo do sujeito ou sujeita eh sensacional.
Acho que pra alguns livros é essencial futricar a vida do autor, o Dostô por exemplo, pra mim só passou a fazer sentido depois que li mais sobre a vida dele. Mas também gosto nesse caso do Shakespeare de ter tantas possibilidades para imaginar e realmente, talvez se tivéssemos mais informações sobre as interpretações sobre as obras dele poderiam ser completamente diferentes.
Ah, e eu também não tenho costume de ficar enfiando na lista mais mulheres, ou mais autores de determinada região do mundo, isso acontece naturalmente de acordo com minhas fases porque cada hora eu desenvolvo uma obsessão literária e fico lendo coisas do mesmo tema kkkkk enfim, os leitores...