Escrever para não esquecer
Eu fico me perguntando quase todos os dias, de onde nasce a vontade e a ideia para escrever. Eu quase sempre gostei de ler e escrever. Aliás, estou ouvindo um livro interessante: O poder dos quietos: Como tímidos e introvertidos podem mudar um mundo, que não para de falar e nele ouvi que normalmente os introvertidos preferem se expressar através da escrita. Bom, eu sou assim, introvertida e prefiro escrever a falar. Isso não significa que eu ache a arte de se expressar oralmente irrelevante, acho uma qualidade importante e que pode e deve ser melhorada.
Mas quando se fala de sentimentos, eu prefiro escrever. Acho que uma lembrança ou uma emoção pode se tornar eterna através das palavras. A emoção então pode ser canalizada, e sendo ela boa, se torna bonita. Mas e a emoção que não é tão bonita assim (há muitas controvérsias sobre o que é belo), o que fazemos com ela? Tentamos esquecer? Eu não. Ao contrário, as vezes acho que fico mais impulsionada a ficar revisitando uma tristeza para que ela não se perca nos fundos de minha mente. Parece que a alimento, não para que cresça, mas para que continue a existir ali, e claro, que eu possa alcançá-la com facilidade.
Escutando de pessoas que também escrevem, como lidam com as inspirações para a escrita já ouvi de muitos que só conseguem escrever estando num lugar de dor, de tristeza, de melancolia, raiva etc. Ao pensar nisso já imagino o pessoal falando que escritores são depressivos, revoltados, fora de controle, afinal como conseguem escrever coisas assim tão, tão o quê, tão HUMANAS? Acho que na hora da escrita, mesmo escrevendo ficção, esse encontro com as próprias emoções é essencial. Tem aqueles que externalizarão a energia falando, brigando, se revoltando e aquele que escreverá o personagem que faz isso.
Eu sempre me lembro das personagens de Dostoievski, como muitas vezes tudo parece um grande barraco eletrizante e não consigo imaginar o próprio autor na pele dos mais barraqueiros.
Por isso que eu acho a frase: escrever para não esquecer uma boa. Não que todo escritor seja masoquista e goste de escrever sobre suas próprias tragédias para torná-las inesquecíveis, alguns até podem, afinal, tudo pode ou deveria poder na literatura. Mas tendo a achar que manter um repertório inspiracional em nós é essencial.
Sou igual você, prefiro escrever do que falar! E olha que coincidência, semana passada eu comecei a rabiscar uma newsletter que acabou ficando triste e pessoal demais, então eu deixei lá no rascunho e não sei se vou publicar kkkkkk mas eu falava também sobre essa questão de que, para ter inspiração para criar arte, normalmente precisamos estar tristes, melancólicos, etc. Tem um clipe de uma banda que gosto muito, dizem que o clipe é sobre esse processo criativo e de precisarmos de algo que “faz mal” para podermos criar. A música é Chlorine, do Twenty One Pilots, vale a pena dar uma olhada ♥️
amei a reflexão. concordo bastante, mas, pra mim, a motivação eh inerente a momentos reflexivos que, mts vezes, nos fazem pensar de forma melancólica sobre um momento bom ou um momento mais triste. acho que, no fundo, vivemos de reflexões e de refletir sobre reflexões.
e onde você ta ouvindo o livro?