Me comprometi a tentar escrever ao menos uma vez por semana aqui. O problema é quando não tive nenhum insight que ache que vale a pena. Então vou falar um pouco da experiência recente de ler o Jon Fosse, Nobel de Literatura no ano passado. Já li 5 obras dele, somente Manhã e Noite ainda não traduzido no Brasil, mas já com uma edição em Português de Portugal pela editora Cavalo de Ferro de 2021
.
Fosse não é novo, não é novo nem no mercado editorial brasileiro, já existia uma tradução dele de Melancolia pela editora Tordesilhas, infelizmente esgotada. Mas sempre que sai um Nobel, as pessoas ficam mais curiosas para ler, ainda mais se é um autor "relativamente" desconhecido.
Foi o meu caso. As Primas da Breite Strasse leram alguns, e eu e a Malu acabamos lendo os últimos lançamentos dele no Brasil e já colocamos 3 vídeos extras "Fosse" no ar. Nossas impressões foram bem parecidas, tendo o Manhã e Noite e Trilogia agradado bastante, o É a Ales e Brancura também gostamos, e o A casa de barcos o que menos gostamos até agora.
A técnica do autor é por vezes cansativa, ele usa a repetição como estilo narrativo que contorna o "caminhar" da história, a cada repetição parece que nada de novo será introduzido, e quando vemos ele vai meio que em ritmo de ondas, que parecem se repetir ad infinitum, mas que cada vez que quebram são diferentes, trazem e levam elementos no seu movimento, e cada uma é, portanto, particular.
Ler Fosse pra mim é como observar as ondas. Elas se repetem, mas cada vez podem trazer um elemento novo, e podem levá-lo novamente, podendo ou não o revelar, deixando a mercê da imaginação do leitor muita coisa que a narrativa não explica.
Já disse no vídeo, digo aqui também: não acho que Fosse cairá no gosto da maioria: minha aposta. Eu gostei.
Provavelmente lerei mais dele ainda este ano, dado que Septologia também já está publicado em Portugal.
Se você já leu algo do Fosse por favor me conte, afinal, a conversa sobre livros é uma das coisas mais legais, mesmo tendo opiniões diferentes, é sempre enriquecedor.